Veja dicas sobre como
responder às perguntas de entrevistas de emprego
G1 listou questões comuns nas seleções e pediu dicas a
especialistas.
Recomendações são falar verdade e citar situações vividas nas respostas.
Marta Cavallini Do G1, em São Paulo
A entrevista
é a etapa decisiva para quem está procurando emprego. Por isso, é a mais temida
dos candidatos. De acordo com especialistas, não há respostas prontas para as
perguntas, pois vai depender do que a empresa busca no profissional, e isso
inclui características não apenas técnicas, mas principalmente comportamentais.
Há quatro meses procurando emprego, o analista de marketing Leonardo Marchetti
já passou por seis entrevistas desde outubro do ano passado. Marchetti acha que
muitas perguntas são subjetivas e causam dúvidas na hora de responder.
“Algumas como ‘Qual a posição você acha que mais adequada ao seu perfil, ‘Quais
são seus pontos fortes e onde você enxerga chances de desenvolvimento’ e a
clássica ‘O que você almeja para os próximos cinco anos’ eu não sei se respondo
falando de mim, de coisas mais técnicas do trabalho ou de tudo junto”.
O analista
de marketing Leonardo Marchetti passa boa parte do dia se cadastrando em sites
de empregos (Foto: Arquivo pessoal)
O analista
de marketing ficou cinco meses na Austrália fazendo intercâmbio, e ele conta
que em todas as entrevistas teve de dizer por que estava há tanto tempo sem
emprego. De acordo com ele, além das perguntas técnicas sobre a experiência, outras
perguntas se repetem em todas as entrevistas como "O que você pretende
trazer para a empresa se for contratado" ou "Onde você se vê daqui a
cinco anos". “Você não conhece a empresa por dentro ainda, não sabe se o
que está falando pode ser um absurdo. As coisas acontecem tão rápido e tão de
repente que cinco anos é um tempo longínquo. Acredito que são perguntas
desatualizadas que não provam muito a capacidade do candidato para a vaga”,
diz.
Para
Marchetti, muitas questões tentam desvendar a personalidade de um modo forçado.
“Acredito que muita gente vai a entrevistas com respostas já pensadas, para
falar aquilo que o recrutador está querendo escutar, e isso tira a chance de
muitos que são até mais capazes na função, mas não têm esse jogo de cintura para
respostas prontas.”
Rudney
Pereira Junior, gerente de projetos do Grupo Foco, acha que a entrevista ideal
é aquela que pede para o candidato dar exemplos de como se comporta em certas
situações. “Eu vou conseguir saber os pontos fortes e fracos através das
perguntas sobre comportamento”, afirma.
Pereira Junior diz que não dá para escapar de clichês como criativo, dinâmico,
ansioso, flexível nas respostas para perguntas que pedem para o candidato falar
dele mesmo. Mas ele alerta que se optar por algumas dessas palavras, é
recomendado citar uma situação em que uma dessas características predominou.
“Até quando for falar que é ansioso cita o exemplo, isso pode ser visto como
qualidade”, diz.
“Ao
responder questões como "Onde você se vê em cinco anos ou dez anos",
não pode dizer que quer ser dono de uma empresa. Por que a empresa vai
contratar alguém que não quer ficar no emprego? Nem que quer ficar no mesmo
lugar porque dá a ideia de ser estagnado”.
Sobre o motivo da saída do emprego anterior, Pereira Junior diz que não é
preciso mentir, pode até falar de problema de relacionamento com o chefe, mas
sem se aprofundar. E sobre o motivo de querer sair da empresa atual? “Pode
dizer que não está mais aprendendo na função, que quer assumir mais
responsabilidades e ter mais oportunidades de crescer”.
E se o recrutador perguntar o porquê de ter ficado muito tempo sem emprego,
Pereira recomenda sinceridade na resposta. “Pode dizer que estudou, que viajou,
que cuidou da empresa da família e que passou por algumas seleções que não
deram certo”.
O gerente de projetos diz que o entrevistado tem o direito de perguntar se
tiver dúvida. “Pode questionar, por exemplo, se o recrutador quer que ele
aborde o aspecto pessoal ou profissional na resposta”, diz.
O G1
reuniu algumas perguntas que são comuns em entrevistas de emprego e pediu para
o coach Roberto Recinella, para a gerente da área de expertise sales &
marketing da Hays, Amanda Oliveira, e para Renato Grinberg, diretor-geral da
Trabalhando.com, darem orientações sobre as respostas. Veja abaixo.
QUAIS SÃO OS SEUS PONTOS FORTES?
Roberto Recinella: Fale a verdade e tenha exemplos de situações em que
pôde usá-los. Lembre-se de que cada função exige um ponto forte, então se você
está se candidatando ao posto de auxiliar de escritório, liderança não é um
diferencial, já disciplina, sim. Não aja como “papagaio de pirata” tentando
dizer o que o entrevistador quer ouvir.
Danielle Mendonça: Foque sua resposta em características profissionais e
evite cair em clichês como liderança e trabalho em equipe. Diga sempre a
verdade e cite como projetos realizados e situações para expor as
características. Se você citar como ponto forte a capacidade de tomar decisões
rápidas, conte alguma situação em que tinha um grave problema e que, com poucas
informações e pouco tempo (sempre definindo e detalhando qual eram essas
informações e tempo), você tomou determinada decisão. Importante contar como
foi esse processo de tomada de decisão e os resultados.
Renato Grinberg: Seja objetivo e fale o que realmente acredita que você
tem como qualidade. Alongar-se demais pode demonstrar um excesso de autoestima
ou prepotência.
QUAIS SÃO OS SEUS PONTOS FRACOS?
Roberto Recinella: Diga a verdade e exemplifique reforçando quais ações
que você está tomando para melhorar os pontos fracos. Por exemplo: não domino
inglês, mas estou fazendo um curso X ou não sou formada, mas já estou cursando
a faculdade Y, estou me aperfeiçoando na área de vendas fazendo um curso em
gestão comercial.
Danielle Mendonça: Os exemplos devem ser sobre ações que têm sido feitas
para melhorar os pontos fracos. Se citar como ponto fraco ser impaciente, conte
uma situação em que isso ocorreu, os impactos negativos que foram causados, o
que fez você tomar consciência dessa fragilidade e o que está fazendo para
melhorar.
Renato Grinberg: Nesse caso, seja direto e sucinto – tudo que disser
pode contar pontos negativos, mas não adianta esconder uma deficiência que mais
cedo ou mais tarde aparecerá.
QUAL É O SEU MAIOR DEFEITO?
Roberto Recinella: Perfeccionista ou muito sincero não são defeitos. Já
dificuldade em trabalhar em equipe, inflexibilidade, mau humor são defeitos.
Todos têm defeitos, ter ciência de quais são e como lidamos com eles é o que
faz a diferença.
Danielle Mendonça: Os exemplos a serem dados devem ser sobre ações que
têm sido feitas para melhorar os defeitos.
Renato Grinberg: Clichês como “muito organizado ou perfeccionista”
não pegam bem. Diga coisas que você acredita que tenha como defeitos, mas que
não o atrapalhariam na contratação como ser ansioso, por exemplo.
FALE UM POUCO DE VOCÊ.
Roberto Recinella: Fale da sua experiência de vida, viagens, empregos e
projetos anteriores. Caso tenha se destacado em alguma área fora da
profissional, por exemplo, musical ou esportiva, pode citar.
Danielle Mendonça: Conte sua experiência de maneira resumida. Aqui é
importante achar um ponto de equilíbrio entre ser prolixo e superficial.
Descreva suas funções, responsabilidades, projetos realizados, resultados
obtidos, desafios e os porquês das mudanças. Não é necessário voltar até a
época de faculdade, a não ser que seja questionado, que seja uma entrevista para
o primeiro emprego ou um curso muito diferente de sua profissão.
Renato Grinberg: Seja generalista, não se aprofunde ou fale demais sobre
você mesmo. Diga coisas leves e sempre positivas, mas seja sucinto.
ONDE VOCÊ SE VÊ DAQUI CINCO ANOS? E DAQUI DEZ ANOS?
Roberto Recinella: Resista a responder “em seu lugar ou CEO da empresa”.
Prefira ser genérico, dizendo que espera ser uma pessoa feliz que enfrentou
diversos desafios, fez diversos cursos, aprimorou sua formação e que através de
suas competências e comprometimento conseguiu contribuir com os objetivos da
empresa.
Danielle Mendonça: Seja realista e sincero, entenda a estrutura da
empresa antes de dizer algo. Por exemplo: não é possível querer ser diretor em
uma companhia que não possui o cargo. Faça uma autoavaliação e analise se suas
pretensões são viáveis. Pode tanto falar de planos pessoais como profissionais,
desde que sejam coerentes entre si. Por exemplo, não fale que quer crescer
rápido profissionalmente, mas também ter qualidade de vida.
Renato Grinberg: Fale de possibilidades concretas em relação ao seu
trabalho. Foque em o que você quer estar fazendo e não no tipo de cargo.
POR QUE VOCÊ QUER DEIXAR SUA EMPRESA ATUAL?
Roberto Recinella: Diga que deseja mudar de ramo porque não está
satisfeito naquele em que está atuando ou que está à procura de novas
oportunidades de crescimento, por exemplo. Nunca cite salário nem insatisfação
com a chefia.
Danielle Mendonça: Tome cuidado para não expor pessoas e situações sem
necessidade. Isso demonstra imaturidade. Foque mais na sua carreira, nos seus
objetivos e como esse novo desafio pode ajudar a alcançá-los.
Renato Grinberg: Nunca fale mal das pessoas com quem trabalha ou do
chefe. Isso pega mal. Se esse for o caso, diga que não está satisfeito com o ambiente
do local em que está trabalhando e dê algum exemplo.
POR QUE VOCÊ SAIU DA EMPRESA?
Roberto Recinella: Fale que está em busca de novos desafios e que quer
mudar de ramo de atuação.
Danielle Mendonça: Seja sempre coerente e analise sempre os dois lados
da história: o seu e o da empresa que você deixou. O mais indicado é sempre
focar nos seus objetivos de carreira, as mudanças devem estar alinhadas com
eles.
Renato Grinberg: Tudo vai depender do motivo real da mudança e
lembre-se, que se mentir, na hora de pedir referências suas, o entrevistador
vai descobrir a verdade, mas não fale mal da empresa. Procure o melhor ângulo
do que realmente aconteceu.
FALE DO SEU EMPREGO ANTERIOR.
Roberto Recinella: Fale de suas conquistas, dos bons momentos, dos desafios
que enfrentaram juntos, dos bons colegas, tentando sempre exemplificar as
conquistas com fatos e histórias.
Danielle Mendonça: Explique suas funções, responsabilidades, projetos
realizados, resultados obtidos e desafios.
Renato Grinberg: Não aproveite esse momento para desabafar. Falar que
estava acumulando funções, que estava cansado de tantas atribuições, etc. Não
fale mal da empresa ou do ex-chefe, foque nos pontos positivos da sua última
experiência.
POR QUE HOUVE UMA LACUNA NO SEU EMPREGO ENTRE ESSE PERÍODO?
Roberto Recinella: Pode dizer que estava se aperfeiçoando, que precisou
da pausa para criar seu filho, que cuidou de um familiar que estava doente, por
exemplo, desde que as opções sejam verdade. Caso não, diga que está retornando
ao mercado depois de um período de reflexão sobre o rumo que deveria dar à sua
carreira ou que ainda não tinha encontrado o cargo que almejava compatível com
suas competências.
Danielle Mendonça: Seja sincero, explique por que ficou fora do mercado
por um tempo ou as dificuldades de se recolocar. Se ficou sem trabalhar para
fazer cursos na área ou fora da área de atuação ou para viajar para outros
países, pode dizer, pois muitas vezes esse tipo de atitude demonstra coragem e
vontade de aprender e inovar. Deixe claro como tomou essa decisão e que isso
fazia parte de um plano de carreira. Por exemplo, se deixou o emprego para
viajar por um ano, importante dizer que tipo de conhecimento e experiência
buscava e como isso poderia ser benéfico para sua carreira.
Renato Grinberg: Mesmo que por um motivo ou outro não foi possível
conseguir trabalho nesse período, seja sincero, mas mostre que você usou esse
tempo de uma maneira produtiva. Fez cursos, investiu em autoconhecimento, etc.
O QUE VOCÊ PODE OFERECER QUE OUTRO CANDIDATO NÃO PODE?
Roberto Recinella: Diga que não pode responder adequadamente, já que não
conhece os demais candidatos, além disso, uma competência valorizada no mercado
é justamente o trabalho em equipe. Você pode falar sobre as suas competências,
mas nunca da falta delas nas outras pessoas.
Danielle Mendonça: Analise bem os pré-requisitos da posição e faça uma
relação com seus pontos fortes, principalmente aqueles que já foram
reconhecidos por gestores anteriores. Se você sabe que a posição busca alguém
para gerenciar um grande projeto de reestruturação, conte uma experiência em
que já liderou um projeto parecido, ou equipes em transformação, ou como fez
parte de uma empresa que estava passando por uma grande mudança. Explique como
foi essa experiência e quais ações suas agregaram positivamente.
Renato Grinberg: Essa pergunta tem a ver com autoconhecimento e
conhecimento do cargo e empresa. Busque o que você tem de melhor para oferecer
que seja relevante para aquele cargo/empresa.
CITE TRÊS COISAS QUE SEU EX-GERENTE QUERIA QUE VOCÊ MELHORASSE.
Roberto Recinella: Pode dizer algo do tipo: "O meu ex-gerente eu
não sei, mas eu acho que devo melhorar..." Isso demonstra autoconhecimento
e proatividade. Seja honesto e demonstre o que você está fazendo para melhorar
as coisas citadas.
Danielle Mendonça: Diga a verdade, mas traga também exemplos de atitudes
recentes para melhorar.
Renato Grinberg: Seja coerente com o que você acha que tem que melhorar,
mas que obviamente não eliminariam você daquela função. Por exemplo, se a
função é analista financeiro e você disser que tem dificuldades com números,
não será contratado.
Qual seu objetivo na empresa?
Roberto Recinella: Pode dizer que pretende se empenhar ao máximo,
superar desafios e auxiliar a empresa a atingir os resultados desejados e, se
for reconhecido, crescer conforme as oportunidades oferecidas.
Danielle Mendonça: Se seu objetivo é crescer profissionalmente, mencione
como você imagina que essa posição pode lhe proporcionar conhecimento,
exposição, desafios e, assim, alavancar seu crescimento.
Renato Grinberg: Fale que quer contribuir para o crescimento da empresa,
sempre trabalhando em equipe e também aprender novas coisas, se desenvolver e
evoluir profissionalmente.
POR QUE A NOSSA EMPRESA DEVE TE CONTRATAR?
Roberto Recinella: Não fale que precisa aprender uma nova função, pois a
empresa não é uma instituição de caridade ou uma escola. O melhor caminho é
falar sobre seu comprometimento e citar situações em que você fez a diferença
em cargos anteriores , os aprendizados e como deseja aplicá-los na empresa.
Renato Grinberg: Diga que está apto a atender às demandas e expectativas
da empresa e dê alguns exemplos do que você acha que são essas expectativas.
QUAL O TIPO DE POSIÇÃO VOCÊ ACREDITA SER MAIS ADEQUADA AO SEU PERFIL?
Roberto Recinella: Diga que pode ser qualquer posição que possa fazer a
diferença utilizando as competências da melhor forma. Cite resumidamente essas
competências e em quais áreas elas seriam melhor utilizadas, como vendas,
marketing , logística, administrativo, controladoria, etc. Aproveite a chance
para recapitular e reforçar algumas de suas contribuições em empresas
anteriores.
Renato Grinberg: Fale sobre liderança e motivação, mas não se esqueça de
manter os pés no chão, tenha noção de quais as funções você pode desempenhar de
acordo com sua experiência profissional.
O QUE VOCÊ ALMEJA NA SUA CARREIRA PROFISSIONAL?
Roberto Recinella: Diga algo na linha: ser um profissional reconhecido
pelas minhas habilidades em gerar resultados sem que para isso eu precise
desrespeitar normas e pessoas, além disso, ser capaz de reconhecer novas
oportunidades que apareçam em minha trajetória profissional.
Danielle Mendonça: Mencione aspectos de aprendizado profissional como
conhecimentos específicos, participação em algum projeto, gerenciamento de
equipe pela primeira vez; e de aprendizado pessoal, como lidar com pessoas
diferentes de você, vencer grandes desafios, etc.
Renato Grinberg: Pode dizer que quer se desenvolver profissionalmente e
alcançar cargos cada vez mais relevantes na empresa, ou seja, ser capaz de cada
vez mais agregar valor à sua função.
QUE TIPOS DE FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES VOCÊ APRECIA NO TRABALHO?
Roberto Recinella: Sugiro algo como aquelas que me desafiem, mesmo
sabendo que muitas vezes terei que realizar muitas tarefas entediantes e
rotineiras que são igualmente importantes para o sucesso do meu trabalho, mas
algumas tarefas me encantam como finanças, vendas , logística, etc.
Renato Grinberg: Seja sincero e diga o que mais aprecia profissionalmente,
mas sempre prestando atenção no perfil da vaga à qual você está concorrendo.
Nunca diga: odeio falar ao telefone para uma vaga de vendas, por exemplo.
QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS E ELEMENTOS DO SEU TRABALHO QUE VOCÊ CONSIDERA
MAIS IMPORTANTES?
Roberto Recinella: Trabalho em equipe, a soma do trabalho de todos que
faz a empresa ser bem-sucedida e alcançar seus objetivos. Ter humildade de
reconhecer quando preciso de ajuda para realizar uma tarefa e assim aprender
como realizá-la. Proatividade para apresentar soluções e melhorar procedimentos
e resultados.
Renato Grinberg: Fale o que realmente você acha que é relevante para aquela
função.
QUAL É A COISA MAIS IMPORTANTE QUE VOCÊ APRENDEU NOS ÚLTIMOS ANOS?
Roberto Recinella: Pode dizer que não sabe tudo ou nem sempre tem razão,
que existem muitas pessoas que possuem habilidades e conhecimentos diferentes
dos seus, proporcionando a oportunidade de aprendizado e desenvolvimento
pessoal e profissional. Pode dizer ainda que a entrevista, independente de você
ser selecionado ou não, já está proporcionando um aprendizado.
Danielle Mendonça: Busque algum exemplo de aprendizado que seja um
pré-requisito para essa posição e que possa ser utilizado pelo gestor. Exemplo:
se um dos pré-requisitos é gestão de equipe, conte algum desafio que teve com
sua equipe anterior.
Renato Grinberg: Fale sobre coisas profissionais que você realmente
tenha aprendido e que sejam importantes para a nova função que você deseja
assumir.
COMENTE UMA SITUAÇÃO EM QUE VOCÊ BUSCOU UMA NOVA RESPONSABILIDADE QUE
DESAFIADA SUAS HABILIDADES.
Roberto Recinella: Sempre é aconselhável que antes de qualquer
entrevista você revise seu arquivo mental de histórias e experiências
profissionais, tanto as bem como as mal sucedidas. Nessa hora você deve
acessá-las e comentar o acontecimento com objetividade, através da exposição de
fatos e não de sentimentos.
Danielle Mendonça: Busque algum exemplo de aprendizado que seja um
pré-requisito para essa posição. Se você sabe que um dos pré-requisitos é
gestão de equipe, e citou que um dos seus pontos fracos é impaciência, conte
como alguém da sua equipe anterior o ajudou a melhorar essa característica.
Renato Grinberg: Comente algo que tenha realmente acontecido, não minta,
sempre explorando seus pontos fortes.
COMENTE UMA OCASIÃO NA QUAL VOCÊ TROUXE UMA NOVA E CRIATIVA IDEIA QUE
IMPACTAVA A PERFORMANCE DE SUA EQUIPE.
Roberto Recinella: Se isso aconteceu mesmo, conte com detalhes de fatos,
caso não tenha nada para dizer, não se preocupe, isso é o que geralmente
acontece. Responda honestamente que você ainda não teve essa ocasião, mas isso
não impede que ocorra a qualquer momento. Apenas não minta ou discorra sobre
uma ideia esdrúxula ou comum só para poder responder.
Danielle Mendonça: Se você sabe que um dos pré-requisitos é liderar um
projeto de mudança ou reestruturação, conte exemplos em que, de forma diferente
de tudo o que já havia sido feito, motivou e treinou sua equipe, e que assim
eles se tornaram agentes de mudança na empresa, influenciando outras áreas.
VOCÊ SE SENTE PRONTO PARA MUDAR DE UMA FUNÇÃO PARA OUTRA?
Roberto Recinella: Se responder que sim, diga que desde que seja um
desafio e contribua para a carreira e com isso possa contribuir com a empresa
em sua estratégia de crescimento. Mas fale isso só se realmente pensar assim.
Danielle Mendonça: Foque sua resposta em 3 pontos: experiências prévias
com exemplos de sucesso que o qualifica para a função, desejo de aprendizado e
desenvolvimento nos pré- requisitos que você não possui e alinhamento entre
essa função e seus objetivos profissionais.
Renato Grinberg: Diga que sim, e forneça um exemplo de flexibilidade.
Por exemplo, um projeto que você realizou ou contribuiu e que teoricamente não
era sua função na empresa.
VOCÊ SE SENTE PRONTO PARA MUDAR DE PAÍS OU ESTADO?
Roberto Recinella: Pode dizer que depende do estado, do país e das
condições para a família quanto ao acesso e qualidade dos serviços de educação
e saúde. Mas não deixe claro que não pode tomar nenhuma decisão sem antes falar
com a sua família. O fato de você estar interessado em uma empresa ou
determinado cargo não significa que deva “vender a alma” para conquistá-lo.
Ouça seu coração. Mudanças devem ser pensadas e planejadas.
Danielle Mendonça: Não faz sentido buscar posições globais ou que tenham
muito contato com outros países se o profissional não tem disponibilidade para
viagens.
Renato Grinberg: Só responda positivamente se for verdade e se isso
fizer sentido para você. Falar que sim e depois voltar atrás é um tiro no pé.
NO QUE OS CANDIDATOS DEVEM PENSAR ANTES DE DAR AS RESPOSTAS? SEMPRE NO LADO
PESSOAL, PROFISSIONAL OU NOS DOIS?
Roberto Recinella: Nos dois. O candidato deve aliar sua trajetória
profissional com a sua qualidade de vida. É um ser humano que tem vida pessoal
e profissional e por isso deve responder pensando em sua experiência de vida
como um todo.
Danielle Mendonça: Ambos. O importante é manter a coerência, tanto o lado
profissional quanto o pessoal devem estar alinhados.
Renato Grinberg: Trata-se de uma entrevista de emprego, portanto, as
respostas devem ser profissionais, não pessoais.